Distante

Devoto-me aos amores que conheço: os meus. Dentro deles, sinto inevitavelmente tudo que devo sentir. Aqui sou de fato feliz. O tempo é limitado, não preciso de muito. Preciso apenas de doses diárias de qualquer sensação que seja. Abraço-me de dentro para fora. Todas as minhas dobras envergam para dentro. Enferrujei por fora e apareço como uma carcassa mal cuidada. Perdoem-me se não me preocupei com o lado de fora, o que acontece é que se eu descuidar de dentro, desmorono. E aí eu não sei se consigo voltar... Agora, acredito que seja dificil demais desfazer a postura. Teria de trocar peças que não existem, tirar partes que não podem ser tiradas, deixar para trás dores que, hoje, dizem mais de mim do que qualquer sorriso. Pretendo uma vida feliz. Sonho com momentos especiais. Não preciso de fogos de artfício ou grandes espetáculos. Quero coisas simples, sacio-me fácil. Sou uma alma de pouco apetite, mas de grande vontade. Quero mais do que posso ter, pois o que desejo é tão pequeno que só faz falta a mim, então acham que é pirraça. Cada passo que dou nessa vida, e acredite no que eu digo agora, pois não há nada mais sincero em mim, vai na mesma direção. O problema é que eu não sei andar sozinho. Sei aonde quero chegar, só não quero ir lá ainda. Preciso de autorização. Faltam-me aqueles olhos. Não é que eu queira me submeter ou me anular. Porém, não me desculpo pelo atrevimento de dizer que o faria de bom grado, só pela vontade de sentir de verdade o que é ser tocado.

sábado, 16 de fevereiro de 2013 às 19:03

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