Essa noite, eu matei o amor. Meus olhos vermelhos pulsaram doze badaladas. O ar girou ao contrário nos meus pulmões.
Todos, os outros olhos, foram-se embora aos pares, um a um. Deixei flores nas encruzilhadas com o meu nome, mas guardei duas pétalas de cada para mim. 
Joguei todas as minhas roupas no esgoto e quebrei os espelhos com os dentes. A noite não é tão escura do lado de fora. 
Todos, os outros olhos, foram-se embora aos pares, um a um. Viraram a esquina, desceram a rua, bateram nas portas e foram-se embora.
Os belos óculos dourados não foram canalhas. Afinal, todos, os outros corações, ainda estavam intactos. O amor é cego, diriam.
Mas, essa noite, eu matei o amor. E ninguém conseguiu ver. Só eu sei que os olhos partiram, o coração continua vivo, mas o amor morreu.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016 às 19:32 , 0 Comments