Ele andava bebado pelas ruas, não tinha problemas. Vivia em um mundo sublime de torpor e êxtase. Jamais cogitou sair. Continuava, andarilho rasgado e sujo. Mendigo a sorrir. O sangue qualhava e reagia com todas as substancias. Luzes fortes ofuscavam e riscavam a visão. O tempo parou. O barulho distante, nada encomoda mais. Ninguém, todos sumiram. O mundo é um deserto vibrando sensações, um carnaval de todas as cores, preto e branco. Sombras dançam de um lado para outro, brandindo facas e canivetes. E de repente, tudo é hostil. E converge para o centro. Os sentidos gritam, mas não dói. O mundo inteiro e de tão vasto, não dói. Parece morfina injetada de dentro para fora. Cai no chão e não levanta mais. A boca aberta como se gritasse, mas não gritou. Os olhos abertos como se esperasse, mas ninguém chegou. As mãos apertam a garrafa, mas ela também não o salvou. E na vastidão do desconheçido, na eterna noite negra e sufocante do universo, nenhuma lágrima se derramou. Nenhuma lágrima essa noite.
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