Ele andava bebado pelas ruas, não tinha problemas. Vivia em um mundo sublime de torpor e êxtase. Jamais cogitou sair. Continuava, andarilho rasgado e sujo. Mendigo a sorrir. O sangue qualhava e reagia com todas as substancias. Luzes fortes ofuscavam e riscavam a visão. O tempo parou. O barulho distante, nada encomoda mais. Ninguém, todos sumiram. O mundo é um deserto vibrando sensações, um carnaval de todas as cores, preto e branco. Sombras dançam de um lado para outro, brandindo facas e canivetes. E de repente, tudo é hostil. E converge para o centro. Os sentidos gritam, mas não dói. O mundo inteiro e de tão vasto, não dói. Parece morfina injetada de dentro para fora. Cai no chão e não levanta mais. A boca aberta como se gritasse, mas não gritou. Os olhos abertos como se esperasse, mas ninguém chegou. As mãos apertam a garrafa, mas ela também não o salvou. E na vastidão do desconheçido, na eterna noite negra e sufocante do universo, nenhuma lágrima se derramou. Nenhuma lágrima essa noite.

terça-feira, 30 de novembro de 2010 às 17:49 , 0 Comments

Agora?

Descobri o clichê da depressão e não saí mais dele. Passei a pensar que o mundo é cinza, que tudo é solidão e que no fim tudo fenece. Vi o mundo através de uma janela embassada, e fiz de tudo para que ela não se limpasse. Arranquei cada folha dos galhos, para que as árvore jamais deixassem de ser um eco de morte e silêncio. Perdi tempo, sugando tudo de bom que havia em volta e batendo no liquidificador com tinta preta. Fiz o ano inteiro de inverno, mesmo os dias mais quentes. E isso não me fez bem. Não me ajudou a escrever, pois só havia ali uma briga constante em qual dia eu seria menor. Existe um mundo inteiro de sonhos aqui dentro, e as vezes eles são dolorosos sim, mas eles são tão coloridos e tão vivos. E eu, morrendo de medo de mostrá-los assim, arranjei um jeito de borrar. Não quero mais me sentir vazio, pois não sou. Não quero mais aumentar dores que não existem, só para ter uma desculpa para não encarar tudo de frente. Cansei de ser alguém que se apaixona por qualquer um, só para ter alguém por quem chorar. Deixarei escorrer todas as camadas de piche, pois é isso que encanta, algo real. Eu sei sorrir. Eu sei ser feliz. Eu sei me divertir com todos. O que eu não sei, é deixar que um dia termine bem, sem que eu tenha de voltar pra casa e arrumar algo triste para contar. Existem pontas soltas ainda, e elas são também um pouquinho doloridas. Mas, elas não são a única coisa aqui dentro. Existe uma rede inteira escondida, só falta eu conseguir puxar. E já passou da hora de começar a tentar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010 às 10:08 , 1 Comment

Tive medo. E não foi de mudar, foi de me perder. Eu queria que fosse possível me enfiar nesse mundo de não me importar e sair andando, balançando e seduzindo a todos. Mas, já não sei se é impossível ou se eu quero continuar assim. Me senti mal, me senti triste, tive vontade de voltar correndo e chorando pra casa. Eu realmente tive medo, e olha tem tempos que não choro, mas hoje é impossível. Não quero sair de casa, quero ficar aqui dentro pra sempre. Em silêncio, trancado no banheiro. Queria ligar pra alguém, mas não quero que ninguém aqui me ouça. Eu queria desaparecer. Ai, é drama, eu sei. Mas não foi premeditado. Nunca me senti tão encosto na vida, tão estorvo, pedra, âncora. E tudo isso regado a esperanças, novamente, burras. Não sei se a nova combinação me pegou de surpresa, mas só por hj eu me permiti chorar, sem nenhum som e sozinho, trancado no banheiro e escondido do mundo. Agora eu vou ali sorrir e comer com a família.

Ps: ninguém me contou que chorar doía as costas e o diafragma. o.O

segunda-feira, 15 de novembro de 2010 às 06:17 , 0 Comments

Não consigo manter o ritmo

Quando eu vou desistir? Deveria ser proibido se iludir tanto. Será que algum dia meu coração finalmente ficará com cãibra e parará de apontar para as direções mais absurdas que ele encontra? Não quero mais me sentir assim. São hormonios isso? Tem jeito de parar com a produção deles? Preferia não sentir mais nada, seria auto-suficiente e feliz. Fotossintetizante. Tenho medo de tudo e sei que nunca vou parar de ter. Tenho medo do mundo, tenho medo de quem eu sou para o mundo. Acho que se pudessem me ver como eu me vejo, já teriam arranjado um jeito de me despedir. No fim das contas vêem sim. E não param para se importar porque é incomodo. Lamentar é só o que eu sei fazer. E acho q estou melhorando nisso. Pelo menos em alguma coisa estou me tornando útil, colocar para fora tudo de inútil que ninguém se importará em ler. E se sentir sem importância é clichê, mas dói tanto quanto se sentir só. Talvez eu estivesse melhor sendo invisível, assim teria alguma coisa para culpar, além de mim.

terça-feira, 2 de novembro de 2010 às 17:10 , 0 Comments

Coisas de que me dei conta

Estou aprendendo a encarar as coisa de maneira diferente. Coisas que antes me pareciam tão verdadeiras, agora já parecem imaginação e mania de perseguição, o que sempre é bem mais confortável, colocar a culpa no mundo ao invés de assumí-la. Sim, existem problemas ainda. São difíceis de resolver, mas existe solução. Se todo mundo faz, eu também consigo. Eu acho. Talvez não seja tão ruim ser um pouco igual a todo mundo, até porquê todos somos humanos. Esse instinto adolecente de não aceitar ser igual, essa revolta esteriotipáda de dizer que não é igual aos outros, só mostra o quão parecidos somos todos. Cada um tem sua individualidade, sua experiência única, seu ponto de vista. O problema é negar que existem pontos de contato. Existem lugares do senso comum que devem ser visitados, pois nada mais são do que o reflexo da nossa própria experiência. Afinal de contas, vivemos no mesmo mundo, na mesma sociedade, temos experiências semelhantes. O importante é ter uma visão crítica das coisas, não aceitar tudo como nos é apresentado. O que não quer dizer negar a tudo e a todos, numa anarquia sem o menor sentido. É pensar no que de fato é importante para a sua vida, particularmente. Estou aprendendo que o mundo é um lugar cheio de meios-termos e que no fim das contas, não se preocupar com o que os outros pensam é impossível, mas, é possível viver bem tendo coragem para adimitir isso, minimizar os danos e fazer o que te leve mais próximo de um caminho feliz.

sábado, 30 de outubro de 2010 às 14:25 , 0 Comments

Mudança de tom

Então. Estou aprendendo a traduzir minha voz em palavras. Construir um texto em que realmente eu esteja falando. Interessante, pois, cada vez mais me interesso por isso. Inclusive, já estou desenvolvendo um trabalho sobre isso na facú (lê-se: só pensei, não começei ainda). Mas, é interessante perceber quantas vozes circulam em um texto só, se a gente for parar para reparar. Lendo meus textos aí pra trás mesmo, quantos milhões de discursos ideológicos eu mesmo não repeti inúmeras vezes? Quanto do senso comum não falou através dos meus dedos, e eu sofrendo metonímicamente junto com o ;"todo mundo" abstrato? Moral da história: quem se importa? Eu respondo: ninguém. Por isso, falando de coisas mais importantes, estou passando por uma fase analítica. Preciso de psicologia para resolver meus problemas. Sei qual é o problema, já sei qual é o obstáculo, só preciso saber como ultrapassá-lo. Para tanto, preciso de auxílio. Mas, no momento, impossível. Terei de me virar sozinho. Darei um jeito, ou até o fim do ano acabo infartando de vergonha. Uma série de trabalhos e, mais importante ainda (e ai de quem discordar), o recital no fim do ano. Deus, Shiva, Alá, Buda...quem mais? Exu, Oxóssi, Oxalá, não sei para qual deve direcionar o pedido... Não sou muito entendido de religiões, embora ache interessantíssimo. Gente, preciso de ajuda. Enfim, descobri que a pracinha ali de baixo é ponto de promessa de todas as religiões, já vou encaminhar o meu pedido com várias cópias, cada qual pega o seu e manda a conta. Eu pago. Depende. A gente analisa as propostas e vê. Advogado do diabo aceita cliente novo? E esse sou eu, divagando novamente. Eu não consigo fazer um texto com um assunto só, ele sempre sai andando sozinho. Taí, minha voz, voltei no começo. Devo ser assim, cheio de assuntos. Posso encarar isso de duas maneiras: 1-sou foda e ninguém me entende, por isso sou segregado; 2- sou burro e esse tanto de assunto que eu vejo, na verdade, é uma coisa só e eu não reparei. Enfim, não é votação, então não escolha. Apesar de que tem eleição esse fim de semana, então escolha alguém. Todavia (adoro todavia, acho cult), para não dizer que não falei de solidão, continuo solteiro, esperando um principe encantado, revoltado com a vida e parado no mesmo lugar, por burrice completa e mania de sonhar mais alto do que a boa educação permite.

terça-feira, 26 de outubro de 2010 às 18:09 , 0 Comments

Quando vou aprender a não esperar demais? Tenho de me dar conta de quem sou e parar de sonhar alto. Comprarei um espelho e andarei com ele por aí. Bem provável que não dê certo. É que, eu não quero mais acordar todos os dias de manhã e me dar conta de que em todo mundo, no meio de todos os bilhões de pessoas, eu continuo eu. Vão me dizer que a culpa é minha. E é por isso que eu parei de contar. Talvez, seja mesmo. No entanto, eu não sei o que fazer. Todas as vezes que tentei, o único resultado foi: eu, pior do que antes. Não quero conselhos, não quero soluções, não quero receitas. O que eu quero não existe nesse mundo, então, sentarei aqui e esperarei passar. Não tenho mais paciência pra escrever sobre isso, já ficou repetitivo, chato, insosso, quase etéreo. Ainda assim, continua difícil respirar todas as vezes que me sinto dessa maneira.

"Safe behind these windows and these parapets of stone
Gazing at the people down below me
All my life I watch them as I hide up here alone
Hungry for the histories they show me
All my life I memorize their faces
Knowing them as they will never know me
All my life I wonder how it feels to pass a day
Not above them
But part of them..."

domingo, 17 de outubro de 2010 às 10:53 , 0 Comments

Metáfora ridícula da árvore

Setembro começou frio. Penso nas ávores, elas meio que morrem no inverno. Ficam todas esqueleticas, com aquela aparência triste de quem definhou e lutou até o último minuto, mas não conseguiu resistir. No fim das contas, o frio sempre ganha. Uma hora vem um outono e leva embora todas as suas folhas. Então, vêm um vento gelado, seco, áspero, e você está exposto, completamente nú, completamente vulnerável. Nesse momento, é impossível pensar em primavera. Todas as flores parecem tão distantes, tão impossíveis. Lembrei-me do verão. O verão é um tempo a dois. É o tempo dos amores, do sol, do mar, da vida feliz e dos sorrisos. É um tempo que não se vive, a gente assiste. Assite enquanto todos se afogam em tanta luminosidade, e você ainda preso num inverno cheio de árvores sem folhas. E sem flores. E sem ninguém. Olha sozinho, pelo vidro embaçado da janela, enquanto a vida passa. Abrir a janela é impossível, o vento é forte demais, se tentar, ele te congela inteiro e você se quebra em milhões de pedacinhos. Impossível juntar todos depois, você se perde. Aceitar que nem todos são verão não é fácil. Não ser atrativo lhe força a conviver consigo mesmo por tempo demais. Aí, você, que é um inverno frio, uma árvore seca, uma pedra coberta de gelo... você deseja que alguém veja que, na verdade, você está vivo! Aquelas arvores florecem um dia, acreditem em mim! Daqui a alguns meses, se alguém se der ao trabalho de esperar, elas irão ter folhas. Irão ter flores. Irão ter sonhos. Irão ter vida. Eu terei vida. Dêem-se ao trabalho de olhar. Não deixe que quando o inverno passar, esta seja a única árvore que não conseguiu sobreviver.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 às 19:18 , 1 Comment

Sem inspiração

Descobri, agora, que não sei escrever, se não de mim. Só sei falar assim, com alguém. Enunciando mesmo. Conversando. Já pensei em escrever em primeira pessoa, mas não consigo criar um narrador decente. Ou indecente, depende da história. O fato é que, falo apenas daquilo que faz de mim o que sou, do mais fundo que consigo puxar de dentro. Não consigo dar outra cara a mim, já é tão dificil dar a minha cara à mim mesmo. Pensando sobre isso, resolvi escrever sobre algo que divergisse totalmente do que penso, do que sou. Falhei miseravelmente. Não sei sentir o que não é meu. Até quando leio, sinto das personagens aquilo que compartilho com elas, com a história. Sinto o que sou, vindo de outro. Cada dia mais chego a conclusão que eu sirvo pra ler, não para ser lido. Agora, que isso soa solitário e amargurado, isso soa. Outro dia em uma palestra na faculdade, a palestrante mostrou uma série de imagens e destacou o fato da leitura ser um ato pessoal, vc e o livro. Penso que, por mais que digam que existe uma interação com as palavras do autor, a produção do sentido é todo do leitor. Eu, comigo mesmo, conduzido, sim, pelas palavras mas, ainda assim, tudo acontece dentro. Reiterando aquilo que já disse aqui para trás, chego a conclusão que nasci para ser só, e minhas experiencias de contato com o mundo, intersubjetividade, ou como queiram chamar, só fazem confirmar meu destino alienigena.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010 às 20:57 , 1 Comment

Alguém tem idéia prum título?

Quis mais do que pude ter. Amei sem pedir que me amassem de volta, e é por isso que hoje sou sozinho. Devia ter tido coragem. Talvez se eu tivesse pedido, exigido, implorado, lutado de alguma forma...? Então, não seria. Não do jeito que sou. Hoje senti sua falta. Sim, eu sei que nunca sentirás o mesmo. As vezes fantasio que um dia isso aconteça. Mas, sem esperanças. Esperança é dolorosa e serve apenas para alimentar meu masoquismo. Hoje não. Hoje é dia apenas de lembrar do que nunca existiu. De criar um mundo inteiro em que eu não seja o que sou e seja apenas com você. É isso que devo ser. Nasci para amá-lo e para mais nada. Por isso não tive coragem de exigir. Pois, eu sou quem deve amar. Quem deve dár-se por completo, dedicar-se e amar com o maior amor do mundo, tudo isso, sem nunca sair de dentro de si mesmo. Sonhar não é tão ruim assim, quando a gente se acostuma. É melhor do que viver uma vida vazia. A mentira é muito melhor do que a verdade. Porque ela é nossa, não depende de mais nada. Ela existe apenas por existir, só é preciso um de nós. A verdade precisaria dos dois. E quando um não quer, outro sofre. Ou outro sonha. Se hoje me perguntassem: quem é você? A única resposta possível seria: em toda a minha vida, tudo que vivi ou senti, todos os lugares onde passei, tudo aquilo que me moveu, que me tocou, tudo que de alguma maneira teve importância em mim. Tudo me faz lembrar que afinal: eu não fui, nem serei capaz de um dia ser, nada, além de amar você.

sexta-feira, 9 de julho de 2010 às 12:14 , 1 Comment

Eu

Se hoje me perguntassem: quem é você? A única resposta possível que tenho é: em toda a minha vida, de tudo que vivi ou senti, em todos os lugares onde passei, tudo aquilo que fez com que eu sentisse, tudo que de alguma maneira teve importância na minha vida. Tudo isso me faz lembrar que, depois de tudo, eu não fui, nem serei capaz de um dia ser, nada, além de amar você.

quarta-feira, 23 de junho de 2010 às 20:03 , 2 Comments

Não quero acordar

Senti a sua falta hoje. Andando pela praça, vi vários casais. Felizes. No começo eu nem me importei muito, concentrei-me nas conversas em volta, na música que estava tocando. Estava bem cheio, sabe. Montes e montes de pessoas. Não pude evitar de me perguntar se vc também estava ali. Ri. Já sabia que não estava. Mas, para mim é inevitável. Por todos os lugares pelos quais passo, me pergunto se você teria passado por ali, e, talvez, fora embora pouco antes de eu chegar. Essas brincadeiras que o destino faz. Aquelas coisas que a gente vê em filme, que as pessoas se esbarram na rua e descobrem que se amam. Ontem, eu sonhei que estava sozinho. Sonhei que não tinha ninguém no mundo, todo mundo já havia morrido. Pensei em você. Precisei de você. Tive tanto medo do dia em que eu, inevitavelmente, estarei sozinho. Quando papai e mamãe já tiverem ido para o céu e eu acordar de noite, com frio, com medo e tiver de ligar a tv para afastar o silêncio profundo. E mesmo que eu abra a porta do quarto, só para espiar, a cama vai estar vazia. Acho que vou querer te ligar. Ligar só para ouvir a sua voz e pedir que você, só por hoje, diga que vai ficar tudo bem. Que o mundo não é um lugar tão difícil assim. Que a vida não é vã. Que o tempo não passa e leva tudo que a gente mais ama nesse mundo embora. Que até para mim é possivel ser feliz. Que eu não estou tão sozinho quanto parece. E que, quando amanhecer, você irá vir ver se eu estou bem. Assim, eu pensarei que até para mim, que nada tenho de interessante, que sou tão comum, que nunca pertenci a lugar nenhum, que nunca fui amado, nunca fui querido, nunca fui necessário, nunca fui nada, a não ser isso... Até para mim existe alguma coisa nesse mundo. Então, você desligaria, e ao invés de chorar, como todas as outras noites frias e solitárias, eu iria sorrir. E sonhar. E no dia seguinte, quando eu levantasse e ligasse a tv, fingiria que você veio enquanto eu ainda estava dormindo, só para fugir mais um pouquinho da realidade. Só até eu, realmente, ter de acordar.

domingo, 30 de maio de 2010 às 19:06 , 2 Comments

Take my heart and set it free

Há vezes em que penso em desistir. Principalmente quando olho para trás: revejo tudo aquilo que eu nunca quis ver, para começar. E sempre foi assim. Quando tento me lembrar, sempre me vêm a cabeça o que não devia. Absolutamente todas as minhas lembranças felizes são permeadas por alguma outra tão ruim quanto ou pior. E a maioria delas me mostram uma coisa: repressão. Acho que é por isso que os regimes totalitários me interessam tanto. O sofrimento daquelas pessoas que só morreram porque alguém pensou em um "certo" no qual elas não se encaixavam. Por que a gente sempre é mais massacrado nos momentos de mais fragilidade? Eu precisava de alguém. Nunca fui de muita inciativa. Penso que durante a nossa formação, nós vamos criando facetas e depois junta tudo e forma "eu". Eu não. Cada vez que eu tentava criar alguma nova, ela era empurrada pra dentro, socada, forçada a se esconder. Então eu criava uma máscara. Todas elas faziam o esperado. Sorriam quando tinham que sorrir, choravam quando tinham que chorar. Mas, nem todo o meu esforço foi capaz de me esconder. Todos perceberam o meu mal estar com a vida e comigo mesmo. A muito tempo já sabiam do meu estranhamento. Mas, eu era o estranho. Preferiram não me contar. Quiseram que eu mudasse. Tento entender, compreender que a posição deles não era a mais confortável de todas. Sei dos temores, os medos que o mundo nos inflige mas, por que não me ensinaram a ter coragem então? Por que foi que me ensinaram que era errado ser diferente? Por que eu não consegui abrir a porta dessa gaiola? Por que é que eu mesmo construí parede atrás de parede, para que não me vissem pelas barras? É fácil culpar os outros, eu sei. Mas é que, se eu culpar só a mim mesmo, ninguém fez diferença nenhuma em minha vida. Nem todos sabem, ou talvez só eles não saibam, ou talvez saibam e não querem saber, o quão mais temeroso é viver sozinho dentro de si. Queria ter coragem para ser como quero ser. Queria não me sentir desconfortável em cantar estando sozinho em casa. Queria superar os limites, quebrar as barreiras, nadar para fora do mar revolto. Penso ainda se isso é possível. Por mais que eu tente, acho que esse eu aqui já foi formado dessa maneira. Jamais conseguirei ser plenamente. Talvez, só talvez, eu queira o impossível. Mas, se eu perder o desejo de mudança, o que irá sobrar para mim? Ando sorrindo pela vida, mas é só porque cansei de chorar.

O que será que o Benveniste diria de um eu que se espelha em um tu para constituir-se enquanto o indivíduo que não é e nunca foi...?

sexta-feira, 23 de abril de 2010 às 09:00 , 2 Comments

E eu?

As vezes é difícil lidar com os problemas. Eu me sinto cada vez mais perdido, cada vez mais fora de lugar, cada vez mais dolorido. Fico pensando em que as coisas poderiam melhorar. Mas, será que se elas melhorarem, eu vou melhorar junto? Será que existe mesmo solução para os erros cometidos antes? Eu tento culpar os outros, eu sei. Culpo meu pai, culpo a vida, culpo deus e o mundo. Eu sei que a culpa é minha. Fui eu que me fiz assim. Eu escolhi ser assim. Então, por que será que eu não me sinto bem? Será que vou me sentir bem algum dia? Mesmo se acontecerem essas coisas, eu terei coragem de aceitá-las assim? É tão difícil ser a causa dos próprios problemas. E são problemas tão pequenos. Tão fáceis de resolver. Todos resolvem. Só eu não. Mas essa é a minha vida. Eu queria que melhorasse. Não quero que o tempo passe e eu tenha que sofrer por não ter nada pelo que sofrer. A verdade é que eu não sirvo para viver. Eu sirvo para assistir a vida e querer mais do que tudo participar desse caos. Entrar no meio da tempestade e me molhar, cair, me machucar, levantar, lutar contra o vento, dançar na chuva, tacar alguma coisa longe, me jogar no mar, ser engolido pela violência das ondas, morrer afogado e reviver quando meu corpo chegasse a praia. Eu queria ser uma parte importante disso. Queria ser diferente. Viver cada segundo, criar memórias. Para mim e para os outros. O que eu realmente desejo do fundo da minha alma, é ser alguém completamente diferente do que eu sou. Alguém que assume os riscos. E sente a vida como ela realmente é. Toca o mais profundo de sua alma com tudo o que é possível. Abre-se para as possibilidades. Todas elas. Sem medo. E talvez isso nunca aconteça comigo. Por que eu sou com medo. Meus atos são absolutamente impregnados de medo, hesitação, superficialidade. Creio que é por isso que estou perdendo o gosto pela vida. Sobreviver apenas não é o bastante. É preciso alimentar a alma com o novo. É preciso intensificar cada ato cotidiano com a paixão mais pura e veemente. Abrir-se para tudo, como se a vida não fosse, na verdade, tão frágil e perene. E sabendo de tudo isso. Sabendo tudo o que fazer, por que não fazer? Por que eu continuo preso a tudo isso? Acho que a resposta é: porque eu quis assim. Não quero agora mas, por tanto tempo quis assim, por tanto tempo foi-me suficiente ser apenas um pouquinho de nada que, agora que preciso ser mais, não sei o que fazer para extrapolar os limites que eu construí tão bem construídos pois, acabei desfazendo todos os caminhos que levavam para fora deles.

domingo, 14 de março de 2010 às 20:47 , 0 Comments

2010...não ta funcionando ainda u.u

Como sempre, meu otimismo foi sufocado, estuprado, espancado,torturado, mutilado, esquartejado e jogado no rio. O ano não está indo bem, meu pai ta cada dia mais se tornando uma hemorróida ambulante, estou desempregado (sério, é triste escrever isso), não tenho dinheiro para pagar cursinho e além disso, estou solteiro e mal comido AINDA. As vezes eu acho que Deus está de sacanagem comigo. Eu juro que tento. Mas, eu preciso de ajuda! Eu não sei como começar a minha vida. Eu acabei de sair da escola e já caíram 101 problemas na minha cabeça, e pior que isso, problemas que eu não deveria ter de lidar com eles, principalmente agora.
Sinceramente, eu vou matar meu pai. Ele agora inventou de ser baladeiro. Tipo...Oi? Meu pai tem quase 50 anos, ta tão (senão mais) desempregado quanto eu e onde ele está agora? Adivinha? NINGUÉM SABE!!! Ele saiu e irá voltar trebado pra casa. Eu, mais uma vez, terei de engolir o "Vá tomar no cu, filho da puta" quando ele vier me encher o saco amanhã. Ah nem, para quê ter pais, se eles não funcionam como tal? Dá na mesma pra mim, simplesmente morar sozinho, já que eu tenho que me preocupar com as contas, com os problemas familiares, que não são poucos, comigo mesmo que não passei no vestibular e terei de dar um jeito de estudar sozinho, porque meu digníssimo pai precisa de "um tempo pra colocar a cabeça em ordem" enquanto minha mãe se mata de trabalhar pra sustentar a casa. De verdade, eu não preciso disso. E estou sem paciência já. Dá próxima vez que ele vier dar liçãozinha de moral, irei brigar sério com ele. E não fará a menor falta, já que só faz pesar nas minhas costas mesmo.
E sabe o que é pior, hoje eu ouvi ele falando que não sabe se "quando der um jeito" na vida dele, ele continuará casado. Dois segundos para reflexão. Que tipo de pessoa consegue ser tão desprezível, a ponto de falar uma coisa dessas? Sendo sustentado pela esposa e pela mãe? Posando de revoltadinho com a vida, adolescente de 50 anos. Para né. E depois ainda tem a cara de pau de vir me dizer que medicina está completamente fora do meu mundo. É VERDADE! Está mesmo. Sabe por quê? Porque meu pai é mais infantil do que eu. Eu tive que crescer, porque ele não quis. Eu tive que aprender a ter vergonha do mundo, porque ele não quis me ensinar a ser eu mesmo. É graças a ele que hoje eu vivo nessa situação. E minha mãe, que vive no mundo da lua, ainda me diz que eu tenho q dar apoio para ele nesse momento difícil. Agora eu digo: é a minha vez de ser infantil. NÃO, NÃO E NÃO! Não vou dar apoio, não vou compreender, não quero saber se vive ou se morre. Já que ele só faz piorar mesmo, no dia que todos virarem as costas pra nós, por causa do orgulho besta e da ingratidão dele, minha mãe toma vergonha e dá um pé na bunda dele. E pela primeira vez na vida, nós vamos conseguir prosperar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010 às 16:27 , 0 Comments

Ahhhh 2010 *-*

Ano novo, vida nova, planos novos, esperanças renovadas, sonhos novos, perspctivas novas. Espero que esse ano seja realmente um ano de "tudo novo", porque eu juro que vou enlouquecer se tiver outro 2009. Na verdade, prefiro ignorar o total fiasco que foi o ano que passou e pensar que, ele me ofereceu algumas coisas das quais prometem fazer esse ano ser o melhor ever. Algumas amizades se tornaram jóias raras que eu guardo com todo cuidado do mundo, e outras se tornaram mais preciosas ainda. Não sei, mais estou sentindo um ano ótimo vindo aí. Beleza, eu tive a mesma esperança ano passado, mas, se eu não pensar assim, não sairei da cama e borrarei toda a maquiagem possível chorando o dia todo. Não quero isso. Quero que esse seja lindo. E desisti de querer mudar tudo. Quero que esse ano seja lindo do jeito que está mesmo. Com todas essas pessoas que eu descobri que me fazem tão feliz, e é claro, o que vier a mais é lucro. Sim, estou barango e sentimental hoje. Estou amando meus amiguinhos, não posso? Enfim, pararei com a baranguisse por aqui, antes que eu estrague minha reputação de depressivo. Quero pensar só em coisas boas agora, pelo menos até a próxima vez em que eu tenha que vir aqui reclamar do mundo denovo. Depressed mode off. Por enquanto...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010 às 18:51 , 0 Comments