Coisas de que me dei conta

Estou aprendendo a encarar as coisa de maneira diferente. Coisas que antes me pareciam tão verdadeiras, agora já parecem imaginação e mania de perseguição, o que sempre é bem mais confortável, colocar a culpa no mundo ao invés de assumí-la. Sim, existem problemas ainda. São difíceis de resolver, mas existe solução. Se todo mundo faz, eu também consigo. Eu acho. Talvez não seja tão ruim ser um pouco igual a todo mundo, até porquê todos somos humanos. Esse instinto adolecente de não aceitar ser igual, essa revolta esteriotipáda de dizer que não é igual aos outros, só mostra o quão parecidos somos todos. Cada um tem sua individualidade, sua experiência única, seu ponto de vista. O problema é negar que existem pontos de contato. Existem lugares do senso comum que devem ser visitados, pois nada mais são do que o reflexo da nossa própria experiência. Afinal de contas, vivemos no mesmo mundo, na mesma sociedade, temos experiências semelhantes. O importante é ter uma visão crítica das coisas, não aceitar tudo como nos é apresentado. O que não quer dizer negar a tudo e a todos, numa anarquia sem o menor sentido. É pensar no que de fato é importante para a sua vida, particularmente. Estou aprendendo que o mundo é um lugar cheio de meios-termos e que no fim das contas, não se preocupar com o que os outros pensam é impossível, mas, é possível viver bem tendo coragem para adimitir isso, minimizar os danos e fazer o que te leve mais próximo de um caminho feliz.

sábado, 30 de outubro de 2010 às 14:25 , 0 Comments

Mudança de tom

Então. Estou aprendendo a traduzir minha voz em palavras. Construir um texto em que realmente eu esteja falando. Interessante, pois, cada vez mais me interesso por isso. Inclusive, já estou desenvolvendo um trabalho sobre isso na facú (lê-se: só pensei, não começei ainda). Mas, é interessante perceber quantas vozes circulam em um texto só, se a gente for parar para reparar. Lendo meus textos aí pra trás mesmo, quantos milhões de discursos ideológicos eu mesmo não repeti inúmeras vezes? Quanto do senso comum não falou através dos meus dedos, e eu sofrendo metonímicamente junto com o ;"todo mundo" abstrato? Moral da história: quem se importa? Eu respondo: ninguém. Por isso, falando de coisas mais importantes, estou passando por uma fase analítica. Preciso de psicologia para resolver meus problemas. Sei qual é o problema, já sei qual é o obstáculo, só preciso saber como ultrapassá-lo. Para tanto, preciso de auxílio. Mas, no momento, impossível. Terei de me virar sozinho. Darei um jeito, ou até o fim do ano acabo infartando de vergonha. Uma série de trabalhos e, mais importante ainda (e ai de quem discordar), o recital no fim do ano. Deus, Shiva, Alá, Buda...quem mais? Exu, Oxóssi, Oxalá, não sei para qual deve direcionar o pedido... Não sou muito entendido de religiões, embora ache interessantíssimo. Gente, preciso de ajuda. Enfim, descobri que a pracinha ali de baixo é ponto de promessa de todas as religiões, já vou encaminhar o meu pedido com várias cópias, cada qual pega o seu e manda a conta. Eu pago. Depende. A gente analisa as propostas e vê. Advogado do diabo aceita cliente novo? E esse sou eu, divagando novamente. Eu não consigo fazer um texto com um assunto só, ele sempre sai andando sozinho. Taí, minha voz, voltei no começo. Devo ser assim, cheio de assuntos. Posso encarar isso de duas maneiras: 1-sou foda e ninguém me entende, por isso sou segregado; 2- sou burro e esse tanto de assunto que eu vejo, na verdade, é uma coisa só e eu não reparei. Enfim, não é votação, então não escolha. Apesar de que tem eleição esse fim de semana, então escolha alguém. Todavia (adoro todavia, acho cult), para não dizer que não falei de solidão, continuo solteiro, esperando um principe encantado, revoltado com a vida e parado no mesmo lugar, por burrice completa e mania de sonhar mais alto do que a boa educação permite.

terça-feira, 26 de outubro de 2010 às 18:09 , 0 Comments

Quando vou aprender a não esperar demais? Tenho de me dar conta de quem sou e parar de sonhar alto. Comprarei um espelho e andarei com ele por aí. Bem provável que não dê certo. É que, eu não quero mais acordar todos os dias de manhã e me dar conta de que em todo mundo, no meio de todos os bilhões de pessoas, eu continuo eu. Vão me dizer que a culpa é minha. E é por isso que eu parei de contar. Talvez, seja mesmo. No entanto, eu não sei o que fazer. Todas as vezes que tentei, o único resultado foi: eu, pior do que antes. Não quero conselhos, não quero soluções, não quero receitas. O que eu quero não existe nesse mundo, então, sentarei aqui e esperarei passar. Não tenho mais paciência pra escrever sobre isso, já ficou repetitivo, chato, insosso, quase etéreo. Ainda assim, continua difícil respirar todas as vezes que me sinto dessa maneira.

"Safe behind these windows and these parapets of stone
Gazing at the people down below me
All my life I watch them as I hide up here alone
Hungry for the histories they show me
All my life I memorize their faces
Knowing them as they will never know me
All my life I wonder how it feels to pass a day
Not above them
But part of them..."

domingo, 17 de outubro de 2010 às 10:53 , 0 Comments

Metáfora ridícula da árvore

Setembro começou frio. Penso nas ávores, elas meio que morrem no inverno. Ficam todas esqueleticas, com aquela aparência triste de quem definhou e lutou até o último minuto, mas não conseguiu resistir. No fim das contas, o frio sempre ganha. Uma hora vem um outono e leva embora todas as suas folhas. Então, vêm um vento gelado, seco, áspero, e você está exposto, completamente nú, completamente vulnerável. Nesse momento, é impossível pensar em primavera. Todas as flores parecem tão distantes, tão impossíveis. Lembrei-me do verão. O verão é um tempo a dois. É o tempo dos amores, do sol, do mar, da vida feliz e dos sorrisos. É um tempo que não se vive, a gente assiste. Assite enquanto todos se afogam em tanta luminosidade, e você ainda preso num inverno cheio de árvores sem folhas. E sem flores. E sem ninguém. Olha sozinho, pelo vidro embaçado da janela, enquanto a vida passa. Abrir a janela é impossível, o vento é forte demais, se tentar, ele te congela inteiro e você se quebra em milhões de pedacinhos. Impossível juntar todos depois, você se perde. Aceitar que nem todos são verão não é fácil. Não ser atrativo lhe força a conviver consigo mesmo por tempo demais. Aí, você, que é um inverno frio, uma árvore seca, uma pedra coberta de gelo... você deseja que alguém veja que, na verdade, você está vivo! Aquelas arvores florecem um dia, acreditem em mim! Daqui a alguns meses, se alguém se der ao trabalho de esperar, elas irão ter folhas. Irão ter flores. Irão ter sonhos. Irão ter vida. Eu terei vida. Dêem-se ao trabalho de olhar. Não deixe que quando o inverno passar, esta seja a única árvore que não conseguiu sobreviver.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 às 19:18 , 1 Comment