E eu?

As vezes é difícil lidar com os problemas. Eu me sinto cada vez mais perdido, cada vez mais fora de lugar, cada vez mais dolorido. Fico pensando em que as coisas poderiam melhorar. Mas, será que se elas melhorarem, eu vou melhorar junto? Será que existe mesmo solução para os erros cometidos antes? Eu tento culpar os outros, eu sei. Culpo meu pai, culpo a vida, culpo deus e o mundo. Eu sei que a culpa é minha. Fui eu que me fiz assim. Eu escolhi ser assim. Então, por que será que eu não me sinto bem? Será que vou me sentir bem algum dia? Mesmo se acontecerem essas coisas, eu terei coragem de aceitá-las assim? É tão difícil ser a causa dos próprios problemas. E são problemas tão pequenos. Tão fáceis de resolver. Todos resolvem. Só eu não. Mas essa é a minha vida. Eu queria que melhorasse. Não quero que o tempo passe e eu tenha que sofrer por não ter nada pelo que sofrer. A verdade é que eu não sirvo para viver. Eu sirvo para assistir a vida e querer mais do que tudo participar desse caos. Entrar no meio da tempestade e me molhar, cair, me machucar, levantar, lutar contra o vento, dançar na chuva, tacar alguma coisa longe, me jogar no mar, ser engolido pela violência das ondas, morrer afogado e reviver quando meu corpo chegasse a praia. Eu queria ser uma parte importante disso. Queria ser diferente. Viver cada segundo, criar memórias. Para mim e para os outros. O que eu realmente desejo do fundo da minha alma, é ser alguém completamente diferente do que eu sou. Alguém que assume os riscos. E sente a vida como ela realmente é. Toca o mais profundo de sua alma com tudo o que é possível. Abre-se para as possibilidades. Todas elas. Sem medo. E talvez isso nunca aconteça comigo. Por que eu sou com medo. Meus atos são absolutamente impregnados de medo, hesitação, superficialidade. Creio que é por isso que estou perdendo o gosto pela vida. Sobreviver apenas não é o bastante. É preciso alimentar a alma com o novo. É preciso intensificar cada ato cotidiano com a paixão mais pura e veemente. Abrir-se para tudo, como se a vida não fosse, na verdade, tão frágil e perene. E sabendo de tudo isso. Sabendo tudo o que fazer, por que não fazer? Por que eu continuo preso a tudo isso? Acho que a resposta é: porque eu quis assim. Não quero agora mas, por tanto tempo quis assim, por tanto tempo foi-me suficiente ser apenas um pouquinho de nada que, agora que preciso ser mais, não sei o que fazer para extrapolar os limites que eu construí tão bem construídos pois, acabei desfazendo todos os caminhos que levavam para fora deles.

domingo, 14 de março de 2010 às 20:47 , 0 Comments